terça-feira, 1 de julho de 2008

EU FARISEU

Fico pensando se eu não sou um fariseu dos tempos modernos. Minhamaneira de pensar muitas vezes não é diferente do que era um fariseuna época de Jesus. Conheço a Deus, estudo Deus, mas às vezes mecoloco em um pedestal como se fosse melhor que outras pessoas. Fico acoar um mosquito e não vejo um camelo. Outras vezes no intuito deagradar a Deus, acabo esquecendo-me do próprio Deus, e não oreconheceria se Ele estivesse pessoalmente a um palmo de meu nariz.Há alguns anos atrás tive uma experiência que fui entender somenteatravés do tempo, e cada vez que lembro o ocorrido parece que aprendoalgo mais. Uma delas é que eu posso pensar e agir como um fariseu.Vamos ao fato...Lá estava eu no asilo municipal em um domingo de sol fazendo umavisita juntamente com um amigo. Ele tem um ministério com os idosos efaça chuva, faça sol, este meu amigo sempre está lá. E através dosanos foi confirmada sua fidelidade em levar a palavra para aquelaspessoas que um dia foram como nós - tiveram uma família como nós.As vezes este meu amigo vai sozinho, outras vezes algumas pessoas oacompanham, e neste dia eu era uma delas. Assistia aquele jovem levara mensagem a uma dezena de senhoras e senhores com os olhos fitos nascartolinas com desenhos bíblicos. Tudo isto ocorre no pátio e logoapós nos direcionamos aos quartos para visitar aqueles que estãoimpossibilitados de sair.Em um dos quartos havia alguém que já chamávamos de irmão devido asua decisão de entregar a vida a Cristo. Mas também tinha um senhorque eu não conhecia, que estava ali estático, totalmente imóvel comboca e olhos abertos olhando para o teto. Como eu ainda estava nocorredor olhando para dentro do quarto, puxei uma pessoa que é maisantiga na cidade e perguntei quem era. Ela me falou o nome esussurrou que aquele tinha sido um homem terrível, uma das pessoasmais ruins que havia conhecido.Já dentro do quarto notei fralda e escaras. Significava que aquelecorpo magro já estava naquela posição há muito tempo. Ao lado direitodo quarto um senhor falava alto e sorria e no lado esquerdo apenas umcorpo sobre a cama. Minha mente já tinha formado um conceito ruimsobre o homem estirado na cama. Inconscientemente eu estava dizendo"está pagando pelo que fez"..Chegou a hora de ir embora e antes de sairmos o velhinho sorridenteque chamávamos de irmão pediu para que cantássemos um cântico que eletinha ouvido nós cantarmos lá fora no pátio. "O grande amor doSenhor" dizia ele. Sem problemas! Trouxeram o violão e começamos alouvar a Deus: “O grande amor do Senhor nunca cessa...”Quando estávamos quase no final do cântico eu observei algo no rostodaquele moribundo totalmente imóvel. Uma copiosa lágrima saiu de seusolhos, sua feição não mudou, mas lagrimas começaram a rolar por suaface. Aquilo me comoveu, pensei comigo que o cântico o teria feito,mas através dos anos Deus foi colocando em meu coração que naquelequarto havia duas pessoas que tinham se reconciliado com o Pai. Opoder da palavra de Deus...Aquele homem parecia não ter qualquer contato com o mundo exterior,quem olhava para ele diria que apenas estava aguardando a morte,estava ali sem poder falar, condicionado a apenas olhar o teto. Ondeestavam seus familiares? Seus amigos? Com certeza pela sua ruindadetinha sido deixado por todos. Apenas uma enfermeira o visitava vez ououtra para limpá-lo e alimentá-lo.Mas louvado seja Deus que não esquece de nós, o grande amor do Senhornunca cessa, ele move os céus e a terra para salvar um dos seuspequeninos, cria situações para que a palavra chegue aos ouvidos desuas ovelhas. Aquele homem ouvia a palavra todas as vezes que erapregado ao seu parceiro de quarto, e quem sabe não entregou sua vidaa Cristo no mesmo dia de seu parceiro? Quem sabe as lágrimas não foium meio de comunicar com o mundo externo que o grande amor do Senhorchegou até ele. Nós não sabemos a batalha que aquele homem travava emsua mente, mas a voz do Senhor trovejou, ela é poderosa, quebra ocedro do Líbano e esmiúça a rocha.Algum tempo depois fiquei sabendo que ele morreu... Se dependesse demim, eu fariseu, aquele homem não teria sido salvo. Não movi umapalha para a mensagem chegar até aquela alma.Mas Deus sim! Embora somos infiéis, Ele permanece fiel.Fiquei entristecido e até mesmo envergonhado por não ter atentadopara aquele momento de outra forma, mas Deus me colocou comoespectador naquela hora para ensinar-me preciosas lições.Mudamos muito rápido nosso conceito de valores, nos preocupamos com aliturgia do culto, com a corda do violão, com o relógio, com a visitano asilo, mas Deus vem e me ensina que uma vida vale mais que otesouro do mundo todo. O nosso mestre não tinha um microfone, nãotinha uma igreja suntuosa, folhetos e outros apetrechos. Mas tinha aágua da vida que por onde passava dava de beber aos seus pequeninos.Nunca o vimos curar por atacado, ele ia individualmente, olhava nosolhos e sabia o valor de cada alma. Assim é o nosso Pai, ele noschama pelo nome e nós reconhecemos a sua voz.Levemos o doce evangelho a toda criatura, porque a ardenteexpectativa da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus...Na esperança de que também a mesma criatura será libertada daservidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.(Rom 8:19-21).
Bendita seja a hora em que pecador e redentor se encontram, momento em que os céus festejam e a gloria de Deus é manifestada.

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