sábado, 30 de agosto de 2008

A palavra que faltava

Havia uma mulher que amava as palavras.
Desde a meninice, elas exerciam sobre ela um grande fascínio.
Talvez por isso ela tenha aprendido a ler muito cedo.
Desejava decifrar aqueles sinais que preenchiam as páginas do jornal.
Gostava de apreciar a sonoridade das palavras.
Umas suaves, outras mais agressivas.
E de aprender o significado de cada uma delas.
Encantava-se em saber que as palavras têm o poder de representar o
pensamento humano e estabelecer a comunicação entre as pessoas.
Descobriu que existem palavras doces e perfumadas,
como flor, carinho, amizade, maçã.
Outras, tristes e angustiantes como lágrima, distância, saudade.
Algumas dolorosas como crime, fome, abandono, guerra.
Algumas alegres e descontraídas, como primavera, natureza, criança.
Verificou que existem palavras que soam como uma sentença de morte, como câncer.
Dá para imaginar o impacto que esse vocábulo é capaz de
causar nos ouvidos de quem a ouve?
Um dia, no entanto, ela ouviu dos lábios do médico que
acabara de examinar com muito cuidado uns raios-x, esta palavra e a achou muito feia.
Num momento, a paisagem se modificou, pareceu-lhe não haver mais luz,
embora ainda fosse dia.
O sangue lhe sumiu das faces, dando lugar a um suor gélido.
O coração tentou fugir a galope.
Ela se lembrou de que, tempos atrás, fora convocada para uma batalha pela vida.
Agora, outra vez lhe competia empreender a luta pela vida.
Fruto da ignorância, o medo, sempre oportunista,
se instalou e a insegurança a dominou.
O especialista foi lhe afirmando que havia muitas chances de melhora,
graças às mais recentes conquistas da medicina.
Mas ela nem conseguia mais prestar atenção.
A voz do médico parecia distante.
O cérebro dela desenhava paisagens sombrias, comprometendo o equilíbrio.
De volta ao lar, um tanto mais calma,
talvez inspirada por benfeitores invisíveis, ela se lembrou de orar.
Preparou sua alma para entrar em contato com Jesus e
lhe rogar as forças necessárias.
Enquanto orava, pareceu ver o azul do firmamento,
num cair de tarde, começando a salpicar de estrelas.
Dele se destacou uma luz radiante, abrangendo todo o espaço ao seu redor.
Alguém, de olhar sereno e sorriso cativante lhe estendeu os braços.
Caminhou em sua direção e um delicado perfume a envolveu.
Ela se sentiu aconchegar de encontro ao peito daquela criatura tão serena,
como se fosse uma criança amedrontada.
Uma nova energia invadiu todo o seu ser e, então,
como um canto divino ela ouviu dentro d’alma a voz melodiosa do mensageiro:
Filha, por que choras?
Entre todas as palavras que admiras, esqueceste a mais importante, a mais poderosa.
Ela se atreveu a perguntar: e que palavra eu esqueci, Senhor?
Ele se afastou um pouco, tomou o rosto dela entre
suas mãos e olhando-a com doce ternura, respondeu:
a palavra é fé! ............... Fé é a mola propulsora que
permite superar óbices e vencer obstáculos.
Fé é força motriz da alma que, assim alimentada,
vence os percalços e avança, vitoriosa.
Por esta razão é que o Mestre de Nazaré ensinou, um dia:
se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda,
direis a esta montanha: move-te daqui para lá e ela se moverá.
E a montanha que todos precisamos mover para avançar na estrada da vida,
chama-se dificuldade.

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